sábado, 8 de novembro de 2008

Eddie Harris - Excursions






1. Drunk Man
2. Renovated Rhythm
3. Inapplicable Concord
4. Listen Here Goes Funky
5. Turbulence
6. Of Age
7. Fragmentary Apparitions
8. Hey Wado
9. Aleph The Fool
10. Recess
11. I'm Lonely
12. Oleo


Infelismente só consegui incontrar o download para torrent, mais baixem o programa no site Baixaki e façam o download sem problemas.

http://thepiratebay.org/torrent/3727280/Eddie_Harris_-_Excursions_-_192kbs

Fela Kuti - Expensive Shit/He Miss Road



O legado de Fela Kuti

Depois de ter agitado a noite londrina com a sua banda Koola Lobitos enquanto frequentava uma escola de música local, e de ter contactado com o movimento Black Panthers – e com o jazz – nos EUA durante o efervescente ano de 1969, Fela Kuti regressou à sua Nigéria natal com intenções bem definidas relativa às políticas corruptas e socialmente desastrosas que dominavam o seu país. Não basta falar em carisma para descrever a pessoa de Fela Kuti, e é por demais redutor falar em legado para resumir tudo aquilo que Fela fez – musica, social, e politicamente – ao longo das décadas de ’70, ’80 e ’90. Porquê? Porque não é fácil encaixar a grandeza, excentricidade e multiplicidade de feitos deste génio musical num punhado de palavras. Boa parte da vida de Fela parece arrancada de uma doutrina de insurreição: o denominador comum a tudo aquilo que Fela fez é o radicalismo.

Insatisfeito com a instabilidade política do seu país, e decorrente miséria social, Fela desenvolveu ao longo da década de 70 a sua visão musical: o Afrobeat, um fiel retrato de tudo aquilo que Fela fez e quis fazer pelo continente Africano. Uma mescla de ritmos africanos, big bands de jazz, funk, metais, uma figura de estilo pródiga em mensagens e palavras de intervenção. Música declaradamente panfletária que crescia a cada semana num clube nocturno – “The Shrine” – de Lagos, e que tinha a sua sede na propriedade comunal desenvolvida por Fela – Kalakuta Republic. Fela declarou a independência deste espaço comunitário, onde se encontrava o estúdio em que gravava e onde vivia com a sua extensíssima família (as suas 28 esposas, das quais mais tarde se viria a divorciar por achar que uma mulher não deveria ser propriedade de ninguém). A aceitação massiva do Afrobeat na Nigéria, e as prestações frenéticas de Fela Kuti nos concertos semanais do Shrine – Fela alternava entre o sax, o teclado, a voz e doses consideráveis de erva – deram a Fela uma credibilidade popular nos bairros de lata de Lagos que mais tarde se revelaria essencial.

Em 1977, o regime militar moveu um ataque de cerca de 1000 soldados sobre Kalakuta, com consequências devastadoras: a propriedade foi incendiada, Fela ficou seriamente ferido, e a sua mãe foi assassinada, tendo sido atirada na sua cadeira de rodas a partir do primeiro andar do edifício central de Kalakuta. A posição de Fela não saiu de forma alguma enfraquecida. Ainda na ressaca desta tragédia, Fela organizou uma marcha pelas ruas de Lagos. Objectivo: entregar o caixão com o corpo da sua mãe ao chefe de estado que ordenou o ataque.

Os conflitos continuaram e durante a década de ’80 o governo acabaria por encontrar matéria legal suficiente para condenar Fela Kuti a 10 anos de prisão. O apoio do povo nigeriano e a acção diplomática da Amnistia Internacional acabariam por dar frutos, encurtando a reclusão de Fela. Fela voltou ao mundo com vontade redobrada de reafirmar a revolução afrobeat, e foi assim que foi continuando o seu trabalho, reflectindo cada vez mais o seu desagrado face às políticas internas e às políticas dos países ocidentais e ex-colonialistas em África. Fela acabaria por morrer em 1997, vítima de AIDS e de ferimentos contraídos num ataque militar.

No entanto, a visão deste homem já o tinha suplantado, e durante os anos em que esteve preso, Femi Kuti assumiu o comando da big band do pai. Talvez tenha sido esta convivência próxima com a dura realidade da vida de Fela que tenha feito Femi optar por uma abordagem menos racista, sexista, e extravagante dos problemas que ainda hoje afligem África. Essa postura menos radical reflecte-se numa sonoridade que bebe influência numa maior panóplia de estilos musicais e cuja mensagem, apesar de mais sóbria, continua a ser eminentemente política. Femi atestou em conjunto com a associação red+hot, o peso e influência que o afrobeat tem na cena musical dos dias que correm, gravando uma compilação de versões de temas de Fela Kuti em conjunto com artistas das mais distintas esferas musicais.

O que lhe falta em excentricidade e mediatismo, sobra-lhe em acção: Femi Kuti continua a dar concertos semanais em Lagos, Nigéria, e prepara terreno para a entrada em cena de Seun Kuti, o filho mais novo de Fela.


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